Mas ele não era o homem da minha vida. Nem de longe. Ou melhor, literalmente de longe, parecia. A questão é que este foi o último erro da década dos meus vinte anos.
Em menos de um mês completarei trinta anos. Trinta. Escritos por extenso e pronunciados lentamente, como Lolita por Vladimir Nabokov. A última idade que almejei tanto alcançar quanto esses trinta, foi dez anos. Anos antes eu comecei a pensar na importância de fazer dez anos. Seria o ano da primeira comunhão; o último ano do São João na escola, que encerrar-se-ia com uma apoteótica apresentação; a primeira barreira a ser transposta na classificação etária dos filmes. Tudo poderia se resumir em: uma idade escrita com dois numerais. [fogos de artifício]
Recentemente um homem me mostrou uma mensagem de natal enviada por uma pretendente. A mensagem dizia "Feliz Natal, gosto muito, muito, muito, muito de você". Perguntei se ela é sub 25 (anos). Acertei.
Aos 20 anos as pessoas são sinceras com relação aos sentimentos. Naquela época eu acreditava que um paquera seria O Namorado, e investia sentimento no que eu ainda não entendera que seriam breves encontros. Encarava um convite para sair como um grande e promissor acontecimento, e cada vez que a crua realidade me decepcionava, parecia que o mundo ia afundar. Tinha 22 anos quando um livro mudou a minha vida: "Ele simplesmente não está afim de você". Recomendo a todas iniciantes.
Aos 25 eu já havia entendido que a vida era um jogo e conhecia as regras. Já não depositava tanta esperança em um convite para jantar. No ano seguinte, minha mensagem de ano novo foi: "Desejo que você alcance todos os seus objetivos, esses que eu sei, os que você não me disse, e também os que você nem sabe ainda, mas vão surgir no caminho. Desejo que você seja muito, muito feliz. Mil beijos. " Melhor do que devo ter feito aos vinte mas, ainda assim, um exagero.
Aos 30, mudou tudo. De repente, o sonho que cultivei desde menina **PUF!** desapareceu. Percebi que a maior parte dos casamentos são erros. Poucos (estatisticamente eu diria 3,5% da humanidade) têm realmente sorte para encontrar a pessoa certa e sabedoria para manter o relacionamento com ela. O resto passa a vida tentando e se decepcionando, amargurado ou resignado.
Este ano recebi uma mensagem que dizia "Querida, feliz natal para você e sua família." Claro que fiquei feliz, mas não como antigamente. Aos 20 anos, uma mensagem como essa me faria suspirar por vários dias e debater com as amigas o grau de possível envolvimento do remetente. Aos 25, eu pensaria "Talvez ele queira sair novamente." Ontem apenas olhei para o celular e pensei "Esse cara copiou e colou essa mensagem pra todo mundo. Mas foi legal ter me incluído." E respondi: "Obrigada, Feliz Natal pra vocês também."